Mapa digital

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Epidemias

No final do século XIX e início do século XX, São Simão sofreu várias epidemias. Isso, porque o saneamento básico era muitíssimo raro. Um dos únicos hospitais da região, só foi inaugurado na cidade, quando a mesma estava infestada pela terceira epidemia de febre amarela.

Epidemia de Varíola

De setembro a dezembro de 1887, houve na chamada Vila de São Simão, uma epidemia de varíola. Após 14 dias do contágio, a pessoa fica com lesões no corpo. Oficialmente, 39 pessoas morreram na cidade por causa dessa epidemia. Mas essa informação provém de livros da igreja, e deve-se lembrar que nem todos registravam a morte de familiares, já que não se tinham vantagens. Lembremos também dos escravos que não eram contados. Após as mortes, os defuntos eram enterrados em lugares distantes, já que tinha-se medo do contágio. Na verdade, os próprios familiares tinham medo de transladar os corpos para longe. Um escravo conhecido por "Nhô", foi quem fez o serviço de transladar os corpos para um lugar determinado. Mas não se sabe se ele ganhou a alforria por esse trabalho, ou se ganhara a mesma antes da epidemia, e depois ganhara um dinheiro para compensar-lhe o perigo que havia passado.

Epidemias de Febre Amarela

O município teve três grandes epidemias, que afetaram as zonas rural e urbana. Na época, a doença era conhecida por Tifo Amaril, Vômito Negro, Mal de Sião e Mal das Antilhas.

1896: A primeira epidemia

De 1850 a 1902, o município do Rio de Janeiro era frequentemente alvo da Febre amarela. Eis que muitos contaminados aportaram no Porto de Santos, e pelos trens espalhavam a doença pelo interior paulista. As autoridades de São Simão foram avisadas pela Secretaria de Negócios do Interior, e incumbidas da inspeção dos passageiros, e da desinfecção de vagões e bagagem. Existem indícios de que isso não foi feito, e em 1896 começava a primeira epidemia de febre amarela. O médico e vereador João Fairbanks, solicitou pela câmara municipal, uma compra de remédios, alimentos, e caixões. A doença vinha fazendo vítimas, e as autoridades médicas e políticas, decidiram que poderia se enterrar os cadáveres no cemitério municipal, em uma vala que foi aberta em julho de 1896. As paredes da vala foram cobertas com cal, e recobertas por lâminas de zinco, além da camada de trinta metros de cal sobre os corpos, e plantados eucaliptos ao redor da área interditada. Mas não adiantou, porque os casos continuavam aparecendo, e começou-se a pensar que a doença era transmitida pelo mau cheiro. João Fairbanks, solicitou a construção de um cemitério fora da cidade, construído cerca de 500 metros longe de Bento Quirino. Na época, a população urbana simonense contava com 4.000 pessoas cerca de 800 morreram, cerca de 700 fugiram da cidade e foram mal recebidas pelo medo do contágio. O jornal O Estado de São Paulo, em 8 de maio de 1897 publicou: São Simão fica com 2.500 pessoas. As ruas ficaram vazias, e os inspetores sanitários aconselharam que ninguém voltasse à cidade por algum tempo, e as pessoas alojaram-se nas vilas vizinhas a São Simão, que ficara deserta.

1901:A segunda epidemia

Em 1901, os simonenses depararam-se com outra epidemia de febre amarela, todavia, de proporções bem menores em vista da primeira, como foi visto acima. Nessa epidemia, as autoridades locais se preocuparam logo no tratamento dos infectados(as), não deixando a doença se alastrar, como aconteceu de modo extraordinário em 1896, ano em que ocorreu a primeira epidemia.

1902:A terceira epidemia

Em junho de 1902, casos da doença voltaram a aparecer na cidade, e as pessoas começaram a deixar São Simão por medo do contágio. O Serviço Sanitário Estadual ficou sabendo dos casos pelas pessoas que saíam da cidade, pois os boatos eram grandes, e quis saber se os boatos eram verdadeiros. O interventor, que hoje chamaríamos de prefeito, disse que não havia nenhum caso da doença, o que era mentira, Ele fez isso para não afastar da região uma indústria têxtil que viria, nem para que a cidade perdesse mais habitantes, e consequentemente, ficasse menor. Sem saber a verdade, o Serviço Sanitário Estadual não mandou ajuda, e muitas pessoas morreram sem ajuda. Mas mesmo assim, foi enviado a São Simão um clínico, que constatou que a cidade enfrentava um grave surto de febre amarela. O intendente, porém, queria contestar o incontestável, dizendo que a cidade não estava à beira de outra epidemia, e solicitou a vinda de um inspetor sanitário para a cidade. Foi o Dr. Carlos Meyer que chegou na cidade, e viu focos do ædes ægypti alertando o problema. Emílio Ribas que viajou até São Simão, e ao chegar na cidade, descreveu-a com 530 prédios, sendo 90% deles eram mal construídos, não tinham assoalho nem forro, e o município não tinha saneamento básico. A epidemia aumentou, e todos os recém-nascidos simonenses morreram na época, segundo estudos de Fausto Pires de Oliveira e de Luiz Antônio Nogueira que compararam as certidões de nascimento daquele período com os atestados de óbito do mesmo período. Emílio Ribas e um pequeno grupo de médicos contavam apenas com a boa vontade de alguns voluntários. Esses ficaram hospedados por algum tempo no Hotel dos Viajantes,e trabalhavam no Cemitério da Zona Rural. Assim, se alguém morresse nas mãos da equipe médica era rapidamente enterrado, tinha o nome escrito no livro de registros, e no túmulo um número identificativo. Durante a epidemia, a cidade foi administrada pelos médicos, já que as autoridades políticas fugiram, deixando os munícipes entregues à própria sorte. Só ao fim da epidemia, São Simão ganhou a Santa Casa de Misericórdia. As pessoas que saíram da cidade nunca mais voltaram com medo da doença, mesmo sabendo do fim da epidemia, e que Emílio Ribas havia mandado limpar o rio que corta a cidade.

Epidemia de Influenza

A cidade havia sido praticamente dizimada pela terceira epidemia de Febre amarela, e estava entregue à própria sorte. Ribeirão Preto havia passado a cidade em número de habitantes e de extensão territorial. Abalada pela última epidemia e pela má administração, no fim de 1918 e começo de 1919, São Simão começou a sofrer com a Gripe espanhola, ou como é conhecida, Influenza. A doença matou muitas pessoas na Europa, e é causada pelo vírus mixovirus influenzæ. A doença chegou à América trazida pelos soldados estado-unidenses depois da Primeira Guerra Mundial. Mas dessa vez, as autoridades simonenses travaram uma luta rápida contra a gripe espanhola. Todas as autoridades trataram de não deixar com que a doença se alastrasse, e virasse uma epidemia: as consequências seriam bem maiores do que das epidemias de febre amarela e varíola. Uma enfermaria foi montada no Grupo Escolar (no centro da cidade, na Praça da Matriz), já que muitas crianças simonenses haviam morrido na terceira epidemia de febre amarela. As autoridades de São Simão, por medo de uma gravíssima epidemia, mandaram quantias de dinheiro para Serra Azul, para combater a doença. Segundo livros da época, 25 pessoas morreram de Influenza. Esses dados são confiáveis, pois as autoridades simonenses, durante o período de medo de que a Influenza chegasse a São Simão, não esconderam nada dos moradores(as).

Nenhum comentário:

Postar um comentário